13.9.14

Vogue Kids, cadê a infância? Onde vocês a enfiaram?

A Vogue Kids, com o editorial "Sombra e Água Fresca", apavorou o Brasil nesse mês de setembro.

Fui até o fundo, resolvi cavar para ver onde eu chegaria.  Fui além das vergonhosas imagens que estão estampadas na revista.

Muita gente está criticando a stylist Nanda Sansone e a fotógrafa Catherine Ferraz, com toda a razão do mundo, mas podemos chamá-las de pedófilas? Não seria isso uma análise rasa, que não leva em consideração a real postura das profissionais em questão? O que aconteceu até surgir esse editorial que parece qualquer coisa, menos moda praia?

Li alguns comentários no Facebook dizendo coisas do tipo "duvido que eles fariam isso com os filhos deles!, "cadeia para todos!".

Sim, eles fazem isso com os próprios filhos. Uma das crianças do editorial é filha da stylist Nanda. A naturalidade da situação foi suficientemente grande para incluir a própria filha no trabalho, protagonizando uma das piores fotos, sem perceber o mal que estava fazendo. Faltou a percepção que a revista vende comportamento!

É muito sério isso. A fotógrafa Catherine acha normal esse tipo de direção. A estilista Nanda não vê problema na linguagem das roupas (nada infantis!) porque é esse o padrão da revista, apesar da filha dela vestir apenas looks infantis e fofos na vida real. A produtora executiva da Vogue, Marina Beltrame, só repete o que ela faz desde sempre: uma versão kids que é espelhada na versão adulta, sem receio. E a mandachuva Daniela Falcão é quem aprova tudo, sem vetar quase nada, porque "a maldade está nos olhos de quem vê".

Apenas a capa da revista é enviada a Londres para aprovação! Todo o resto é responsabilidade de Daniela e sua equipe. É carta branca.

Diferentemente das outras revistas de moda no Brasil, os fotógrafos usufruem de bastante liberdade criativa. O profissional escolhido pode até dizer na hora das fotos, depois de todo o circo armado pela Marina, que quer fazer alguma coisa diferente, que não aceita isso e aquilo. Quando possui discernimento, obviamente.

O limite precisa existir dentro dos profissionais presentes, não é imposto pela Vogue jamais. Essa é a raiz do problema, a alma da toxicidade Vogue: vender basta.

Em dezembro de 2013 aconteceu um episódio bem parecido. Algumas leitoras questionaram a sensualidade do editorial "Tirando Onda", mas a Vogue Brasil não quis dar satisfação. A fotógrafa foi a espanhola Esperanza Moya e nada aconteceu. As imagens do editorial são chocantes! Eu não posso acreditar nessa pose combinada com o maiô de gosto duvidoso. Até as fotos dos meninos têm apelo sexual.
 
Nenhuma providência foi tomada e a revista seguiu na mesma linha. Só que agora a revolta tem tamanho. Grandes jornais e canais de televisão estão exigindo uma explicação da revista irresponsável que não pensou nas consequências diretas na vida das profissionais (fotógrafa e estilista) e crianças envolvidas. Eu sinto muito por elas, mesmo reprovando completamente o resultado final. Não é nada fácil! A cegueira total de todos os adultos que ali estavam é extremamente perturbadora.

Cuidado, querida mãe. Numa simples compra de maiô de oncinha infantil, você leva para casa mensagens inadequadas. É preciso ter a noção que a maldade está em todo lugar, até mesmo na roupa que desperta um padrão de comportamento sensualizado na infância, imitando certos adultos. Procure o lúdico, o colorido e divertido. Aproxime-se mais dos vestidos de casinha de abelha, sem lantejoulas, brilhos ou qualquer outra coisa que desvie os olhos do sorriso lindo e ingênuo que a sua filha tem.

Criança deveria apenas brincar. Pose pra quê?

Atualização: segue a explicação da Vogue sobre o último episódio. Respeito à infância? Desde quando? Férias com criança estirada no deck, fazendo pose de modelo angel da Victoria's Secret?

"A Vogue Brasil, responsável pela publicação de Vogue Kids, em razão de recentes discussões em redes sociais envolvendo a última edição da revista, mais especificamente o ensaio de moda intitulado “Sombra e Água Fresca”, vem esclarecer que jamais pretendeu expor as modelos infantis a nenhuma situação inadequada. Seguimos princípios jornalísticos rígidos, dentre os quais o respeito incondicional aos direitos da criança e do adolescente. Como o próprio título da matéria esclarece, retratamos as modelos infantis em um clima descontraído, de férias na beira do rio. Não houve, portanto, intenção de conferir característica de sensualidade ao ensaio. Respeitamos a diversidade de pontos de vista e iremos nos aprofundar no entendimento das diversas vozes nesse caso, buscando o aperfeiçoamento das nossas edições. Repudiamos, porém, as tentativas de associar a Vogue Kids ao estímulo de qualquer prática prejudicial aos menores. Lamentamos que o açodamento e a agressividade imotivada de algumas pessoas tenham exposto desnecessariamente as menores que participaram do ensaio, que são nossa maior preocupação nesse episódio. A missão da Vogue Kids foi e continuará a ser a de tratar a infância com o respeito que ela merece, abordando com respeito e sensibilidade questões contemporâneas e que vão muito além dos editoriais de moda."

Atualização 2: Vogue, você se lascou! Aproveite para passar o dia inteiro indo de banca em banca para recolher as revistas, Daniela Falcão!

8 comentários:

  1. Eu reclamei com eles em dezembro! Apelativo demais! Nem me responderam...
    Seu texto apenas confirma o comunicado da Vogue. Eles realmente não acham nada demais, nada sexual. SÃO UNS PODRES SEM CONSCIÊNCIA! Quero ver se algum fotógrafo tapado ainda vai trabalhar para eles na versão "kids".

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    1. Com certeza os fotógrafos trabalharão porque alguns usam a Vogue como vitrine para ter mais trabalho e fama. Outros não aceitarão mais! Enfim, tem muita gente que apoia esse tipo de foto, só não tem coragem de assumir por sentir medo de ser atacado por parentes e amigos.

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  2. Sem nem entrar no mérito, essas fotos são de um mau gosto extremo. Horríveis!

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    1. Roupas cafonérrimas porque são de adultas. E os demais editoriais também estão horrendos. Nada escapa. Beijos!

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  3. Fotógrafa, stylist, editora: todos são asquerosos! Sente nojo? Pare de comprar a revista e pressione os anunciantes para não se vincularem a ela. Agora, cadê as mocinhas bem nascidas que posam com suas "lindas famílias" pra Vogue? Não acham nada da violência contra a infância cometida repetidamente pela publicação?

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    1. Já parei! Vou pressionar sim e espero que outros também adotem essa linha. Você se refere a Lala Rudge, Maria Rudge e demais integrantes da família Trussardi? Ah, elas não tem um pingo de consciência! Não espere nada delas.
      Beijos!

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  4. hahaha morri com a atualização 2...kkkk
    bjs

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  5. O editorial que gerou a proibição da revista é pura maldade elaborada pelos seguintes sínicos profissionais: Catherine Ferraz, Rafael Matar, Renan Prando e Eddie Mendes (fotografia), Nanda Sansone (edição), Luca Ferraz, Lele Isola e Natália Botti (produção).

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