16.9.19

escravos do nosso próprio grau de exigência


Essa semana foi bem movimentada no Instagram (@limobag) daqui do blog. Recebi várias mensagens privadas mostrando "stories" de festas infantis ASSUSTADORAS. Depois de tantos anos escrevendo sobre, eu ainda me surpreendo com o nível absurdo de ostentação que o mundo virtual expõe.

Acho que quando temos a oportunidade de conhecer coisas muito sofisticadas (e caras!) nessa vida,  corremos um sério risco de nos tornarmos irritantemente exigentes, como se isso fosse necessário para determinar até mesmo a nossa identidade. 

A escravidão que algumas pessoas vivem não é uma coisa agradável de constatar. Ser escravo da própria exigência significa não enxergar imediata beleza nas coisas simples e gratuitas. Eu mesma preciso de um certo esforço para manter os olhos abertos, livres de escamas. O que é belo está sempre disponível para todos nós, só que a visão pode se tornar turva. 

Eu queria muito poder dizer apenas que uma baita festa infantil movimenta um mercado imenso, gerador de renda para para milhares de pessoas no Brasil, e que o emprego delas deveria ser exaltado acima de qualquer crítica. 

O capitalismo não justifica tudo. Essa cultura da ostentação, onde nem as crianças são preservadas, está sendo enraizada nesses corações todos, tanto nos de quem trabalha para produzir o espetáculo personalizado de mil cores, tanto nos de quem participa ou apenas assiste.

Não deixe de conversar com seu filho depois dele viver uma festa exagerada. É importante que ele entenda que ninguém precisa de tudo isso para comemorar intensamente um aniversário.

Se você sofre com a cobrança para realizar um grandioso e inesquecível evento para o rebento, cobrança essa proveniente de amigos e/ou familiares, por favor, NÃO CEDA. Nem um milímetro. O risco de se tornar escravo da exigência alheia é real!

Eu já perdi as contas de quantas leitoras queridas cederam nesses anos todos. Eu tenho uma coleção de desabafos de mães que foram engolidas por essa onda, e, no meio do tsunami, lembraram de alguma coisa que escrevi aqui. 

A gente só vive certas situações porque ficamos sem energia na hora de nadar contra a maré. Não é mesmo fácil. 

Valores não são negociáveis, por isso que necessitamos de muita força e coragem na caminhada como pais. Que Deus nos ajude!


Boa semana!

3 comentários:

  1. Exatamente! O simples é tão mais belo...além do q acredito q as crianças devam se sentir perdidas em.meio a tanta ostentação...

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  2. Pra variar, você traduzindo nossos sentimentos. É muito difícil manter-se forte nas nossas convicções com a pressão que só aumenta conforme as crianças crescem. Que a gente tenha força pra manter a lucidez

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  3. Essa da movimentação de mercado e geração de empregos é uma justificativa que já li e ouvi sobre as festas megalomaníacas no Brasil. Concordo com você, o capitalismo não pode justificar tudo. É uma questão de valores e o que estamos ensinando aos filhos, não deveria ser negociável, inclusive porque hoje muito se fala sobre saúde mental, e aí? O que isso faz pela saúde mental dessas crianças que estão crescendo dentro dessa cultura de ostentação? Enfim. É difícil ir contra porque é como remar um barquinho num mar revoluto, muitos estímulos, pressão dali e daqui, muito barulho, muito agito. Precisamos estar sempre alertas ou "brigando" e isso é inegavelmente cansativo.

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