27.2.11

chega de apartheid!

Babá de gente rica de verdade, trabalhando no Caribe

Babás trabalhando em São Paulo (isso é a portaria de um clube)
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A Lari, leitora daqui do blog, me indicou essa reportagem sobre a proibição das babás adentrarem alguns clubes paulistanos, com roupas que não sejam brancas.
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Quando você lê a reportagem, chega à seguinte conclusão: classe quase A em São Paulo (representada pela diretoria dos clubes quase falidos) é uma classe Z em amor ao próximo. Claro que estou generalizando, até porque algumas patroas se manifestaram a favor das babás não utilizarem o uniforme de escrava moderna.
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Veja só o cenário da reportagem: um monte de famílias onde as crianças são educadas por babás (sim, é muito mais que cuidado) e clubes que querem diferenciar as pessoas de outra classe social para deixar claro que elas não são sócias... Uma falsa atmosfera de que ali só os "ricos" entram na piscina. Por que eles não proibem as crianças de frequentarem o clube sem a presença dos pais?
Os sócios sumiram, estão trabalhando e mandam representantes de branco para cumprir o papel de cuidar, educar e se divertir com os filhos. Mas sem entrar na água, é claro. Contamina, né?
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Estou com nojo disso, já escrevi aqui no blog. Por favor, filhos não podem ser uma justificativa para humilhar uma outra pessoa porque você precisa/quer trabalhar e não pode/quer cuidar daquilo que Deus deu para você. Sim, os filhos são herança do Senhor, tá?
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Será que a roupa de Eva e Adão, desenhada e costurada por Deus, foi feita para humilhá-los?

"E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu."
Gênesis 3:21
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Pos-post: Não sou contra babás, desde que tenham um salário digno e sejam tratadas como um membro da família, como uma irmã mais velha ou uma amiga de confiança. Irmã mais velha não é mãe, nem se veste como escrava para deixar claro que você é a favor da divisão de classes, de raças ou qualquer outra coisa semelhante.

9 comentários:

  1. Conheci essa reportagem atraves do seu blog e achei um absurdo. Expressei minha vergonha alhheia lah no blog e mencionei seu blog.
    bj

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  2. QUando o assunto babá está em pauta, eu sou uma pessoa que toma muito cuidado, para um lado e para o outro.
    Optei por não ter babá. Não por achar que são escravas modernas ou por achar que é socialmente vergonhoso e condenável ter babá (até porque quem acha vergonhoso ter babá está sendo mais preconceituoso do que o preconceito, afinal, babá é um emprego digno como qualquer outro). Escolhi não ter babá porque GOSTO de criar minha filha em tempo integral!
    Mas, acho curioso que exista a revolta contra o uniforme (acho uniforme branco uma asneira, afinal suja com uma facilidade enorme e, se tua baba for ficar impecável, é sinal de que teu filho não está brincando como deve!). Muitos empregos exigem uniforme. Eu trabalhei anos no Comitê Olímpico Brasileiro e em todos os nossos eventos, todos os funcionários usavam uniforme, inclusive o presidente! Tive empresa de eventos e todas as recepcionistas que trabalhavam para mim tinham uniforme. Porque, então, é tão absurdo uma babá usar uniforme? Uma calça jeans ou azul e uma camiseta branca... porque não? Ela é uma profissional e como tantas outras, não há mal algum em usar uniforme! Enfermeiras em hospital usam uniforme, vários colégios adotam o uniforme para professores e auxiliares. Trata-se apenas de uma forma de padronizar e, porque não, não obrigar a pessoa a gastar suas próprias roupas quando estão a serviço. Nunca exigi uniforme das pessoas que trabalharam na minha casa, mas muitas me pediram!
    E, sobre clubes e piscinas. Bem, acho um absurdo o clube exigir o uniforme, afinal, não cabe ao clube impor esse tipo de decisão. Mas, quanto ao uso da piscina... bem, sou sócia de 2 clubes no Rio, num deles, para que eu possa levar uma amiga, preciso pagar. No outro, convidados não podem entrar na piscina e ponto final.
    Bem, no primeiro caso, veja bem, porque é que eu deveria pagar para uma amiga minha entrar e a minha co-sócia pode mandar um não sócio para a piscina gratuitamente? Nõa me importa se é babá ou não, me importa o fato de que não é sócio e não-sócios, para usar a piscina precisam pagar. Então, que seja igual para todos. Veja bem, lá, se você quiser mandar seu filho com a babá para a piscina, problema nenhum, você pode pagar a taxa de visitante e ela pode entrar a vontade! Mas, não rola essa de, só porque é babá, poder entrar na piscina gratuitamente.
    E quando a regra é que ninguém que não seja sócio pode entrar, trata-se de uma norma de saúde e acho super válida. Eu, sócia e tudo, só posso entrar na piscina se estiver com o meu exame médico em dia. Portanto, como resolveriam? Exames médicos para todas as babás e visitantes? E o ônus disso, com quem ficaria? Os sócios que não têm babá deveriam arcar com o custo de manter um médico a postos para fazer exame médico em todo mundo sempre que alguém trocar de babá ou levar um amiguinho?
    Acho que em clube babás não devem entrar na piscina mesmo. As mães que quiserem suas babás na piscina, deveriam tê-las no clube como visitantes, pagando. E, se não quer pagar e seu filho não tem condição de ficar dentro da piscina desacompanhado, bem, não o mande para a piscina! Espere no dia que você pode ir.
    Mas, é muito complicado pagar mensalidade caríssima de clube e chegar lá para tomar seu sol e dar de cara com todas as mesas e cadeiras tomadas por babás ou convidados não pagantes (aliás, mesmo os pagantes me deixam um pouco irritada, mas aí, fazer o que, né? O sócio que convida está comprando o direito do convidado...)
    Acho que o problema não está só no tratamento dado às babás, mas no fato de que existem pessoas que não sabem dosar onde começa e onde termina a função de uma babá. Eu, se trabalhasse como babá, ficaria PASSADA se minha patroa me pedisse para botar um biquini para ir para a piscina com o filho dela! O único emprego no qual alguém pode me exigir ficar de biquini é de salva vidas... Fora isso, é inadequado!

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  3. Oi, mperri! Então, sim não sou totalmente contra o uso de uniformes, desde que ele tenha cara de roupa normal, e não de uniforme. No meu ponto de vista, a profissão de babá não pode ser comparada à nenhuma outra, porque ela vive a intimidade da família, lava o bumbum do seu filho várias vezes por dia, e, sendo assim, é alguém muito especial para ser tratada com um crachá no pescoço de forma diferente dos sócios.

    Olha, não sou a favor de babá ir ao clube de graça! Acho um absurdo COMPLETO. A mãe paga para estar lá, não é? Paga pra usar a piscina, pra sentar na cadeira e para usar o restaurante... Se a acompanhante está indo no lugar da mãe (ou até mesmo junto com esta) ela tem SIM QUE PAGAR. Acho que a diretoria do clube já tem que cobrar uma mensalidade maior de quem manda cuidadores para o clube!!! E, dessa forma, a babá torna-se mais um membro da família (muito justo), tendo que fazer exame médico e tudo mais o que for preciso.
    Veja que não concordo que as mães mandem babás no lugar delas, mas a atitude correta seria cobrar um extra do patrão porque manda a babá para o clube.
    Vc é do Rio... Pois é, fui passar férias aí anos atrás, antes de me casar, e tínhamos uma babá que cuidava dos meus 3 irmãos mais novos. Chegando no condominio onde alugamos uma casa, a portaria já passou as normas de uso da área comum (piscina e tudo mais) e dizia que TODOS (inclusive as babás) tinham que fazer exame médico (tinha uma lista de consultórios de médicos)e entregar na portaria para eles liberarem o uso da área de lazer comum. ELes fotografaram todos nós, anexaram os exames e entregaram uma carteirinha com a foto. Nem no play uma criança poderia entrar sem exame médico! Tudo bem, meu pai gastou uma fábula de médico, porém ficou super traquilo com tudo o que viu de bom dentro do condomínio.

    É NOJENTA AO CUBO a atitude dos clubes. Tem que pagar para entrar e ponto final.

    (Mas tenho certeza que esses clubes fazem isso para separar "ricos" de "pobres" com a finalidade elitizar mesmo)

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  4. Mais um ponto pra você, sempre muito clara nas ideias, tratando tudo commuita sinceridade. Tenho babá que não dorme em casa. Mas quero demais uma que durma - artigo cada vez mais em extinção pelas bandas de cá (Fortaleza/CE). Mesmo dormindo, tenho minhas regras. Se meu filho acorda à noite ou de madrugada, é a mim que ele vê, sou eu que o acalento, que dou colo. Também não gosto muito dessa história de farda. Acho separatista. Tive uma babá que fazia questão, então gastei os tubos de dinheiro pra comprar fardas e roupas pra ela. Ok. Mas aqui, com ou sem farda, elas sentam à mesma mesa, comem a mesma comida, participam da mesma conversa e mesmo ajudam nas decisões. Afinal, é com ela que nossos filhos também brincam, riem, choram. Por que diferenciar? Sei que muitas não têm a menor consideração, mas parto doprincípio de que elas são, pelo menos naquele momento, parte da família. ALém do mais, sempre lembro a minha referência de babá. A minha babá. Sò pra resumir: no dia do meu aniversário, ela foi a primeira e telefonar. E mora em outro estado. Ano passado, de férias, passou um mês na casa da minha mãe, com filho, nora, neta. Essa, sim, é da família. Não é à toa que eu a chamava de mãe.

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  5. No Brasil existe um preconceito de classe social, é como se fosse uma afronta ter alguém de um ´nivel inferior´ respirando o mesmo ar que os patrões/elite. Parece ser um desacato às autoridades elitistas o fato de uma pessoa da classe média-baixa viajar para o exterior e sentar na poltrona ao lado. Pinheiros é um clube em decadência, está acabando em razão justamente da tomada de consciência em relação ao consumo de diversão, que está sendodemocratizado e desvinculado do poder aquisitivo em muitos casos.

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  6. Concordo muito com voce, Luana! Entendi todos os pontos da mperri, e os seus logo em seguida. Vai colocar babá pra dentro? Paga!

    Eu já acho meio bizarra essa cultura de babá do jeito que está no Brasil, mas isso já é outro debate...

    Beijos! Seu filho tá a coisa mais linda!

    Jane

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  7. A cidade de São Paulo é a cidade do aparthied! Há lugares que parecem exclusividade das elites - como a região em que o club se encontra - Jardins!Apesar do nome 'Clube Pinheiros' eles identificam o lugar como 'Jardins'- a fim de não se misturarem com a patuléia que circula na Faria Lima e Largo da Batata.
    A questão não se encerra no uniforme, isso eh apenas a pta do iceberg da sociedade de classes em que vivemos! Conspiração Ideológica escreveu muito bem sobre a ojeriza que vivemos quando pessoas pobres( e negras) usufluem do mesmo espaço/conforto dos ricos (brancos) basta visitar shoppings como o Iguatemi, Villa-Lobos, Morumbi - os aeroportos, as universidades públicas - como a USP - por exemplo.
    As babás - principalmente àquelas com menor qualificação - no imaginário das elites - ainda é a 'Mãe Preta', pessoa que apesar de zelar pelo bem estar do seu filho, não passa de ser humano de 2a. categoria...

    Perdoe-me escrever tanto...rs
    Seus escritos, colocações e idéias são muito especiais...
    Abrzo Fraterno

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  8. Jane, essa cultura são os restos (restos em abundância em Sampa) da escravatura. Elite de MERDA essa nossa. O Brasil ainda tem coisas muito vergonhosas, como essa das babás.

    Márcia, amei seu comentário e sei que tem muita gente rica que é humana e não faz mais essas coisas... Mas ainda temos sim que conviver com gente desse naipe! Vergonha total para a nossa nação. Não sabia que o povo aumenta o tamanho do bairro Jardins só pra sair bem na fita. Nojento.

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