Duvido que quem é de fato cristão e tem real consciência do que está por vir não esteja apreensivo, receoso, e certamente isso é mais um motivo para se buscar a Deus e se apegar ao Salvador Jesus Cristo e à presença do Espírito Santo em nossas vidas como nunca antes.
Porém, fico imaginando a situação de pessoas que apoiam, muitas delas não de hoje, mas há muito tempo, essas ideologias pútridas que tomam conta do mundo. Em especial as que já viveram a maior parte de suas vidas.
Penso nisso desde ontem, com a revelação de Preta Gil de que está com câncer. Como estará seu pai, Gilberto Gil, já octogenário e que já sofreu a perda de um filho, Pedro, com apenas 19 anos de idade em um acidente de carro em 1990?
Em 2020, o próprio Gilberto admitiu que não acredita em Deus, dizendo que "Deus é uma invenção do homem" em uma entrevista.
Como estará sua cabeça agora? Será que a lembrança da dor que sofreu há três décadas volta à sua mente, com a possibilidade de que se repita(o que não desejo, tenho orado por Preta Gil)?
E mais ainda, como estará a sua cabeça em relação a si mesmo, bem como a de dois amigos seus, igualmente esquerdistas, incrédulos e em idade avançada, a saber, Caetano Veloso e Chico Buarque?
Será que eles tentam negar ou ignorar a própria mortalidade?
Acham que isso só acontece com os outros, já que parecem não rever suas posições a respeito da política, apoiando as ideias mais cruéis ja surgidas na história política mundial?
Nem mesmo no caso específico de Gil, que já passou por essa terrível experiência e se depara com essa possibilidade outra vez, aparece alguma mudança de postura.
Só podemos falar do que vemos, não temos como analisar os corações dos outros, mas a evidência exterior é desanimadora.
Anos atrás o Jornalista Luiz Carlos Prates, conhecido por seus posicionamentos muito críticos, ásperos e por vezes expressos até com certa grosseria, gravou um vídeo elogiando Xuxa por ter ido para a Record, ressaltando que, mesmo quem tem independência financeira tem de estar trabalhando até o último dia de sua vida, e deus várias razões para isso, mas duas tem de ser destacadas: a primeira seria por "precisarmos de "ser" algo. Ele disse que todos precisamos que alguém nos olhe e diga "ele/a é". E a segunda, que falou rapidamente, sem se alongar, é "porque o trabalho nos anestesia a consciência da finitude".
Da primeira colocação eu discordo. Há quem precise da validação alheia, sem dúvida. mas não são todos. Pelo jeito, ele é um dos que precisa, talvez por isso seja tão áspero e por vezes até mal-educado ao se expressar, pode ser fruto de insegurança em relação a si mesmo. Eu, por exemplo, há muito não ligo a mínima para a opinião dos outros. E nem mesmo é boa coisa um cristão precisar que suas ideias e posicionamentos sejam validados por outras pessoas, especialmente em um mundo que, a cada dia que passa, odeia mais e mais os cristãos.
Da segunda colocação, eu discordo ainda mais, com muito mais veemência; O que de pior pode acontecer para um ser humano do que esquecer-se de sua mortalidade?
Vemos hoje várias pessoas que agem como se nunca fossem morrer, como se o poder que possuem e ostentam hoje nunca fosse terminar. Temos juristas, políticos e chefes de estado que se acham simplesmente os donos do mundo, não respeitando a vida e a vontade de ninguém além da sua própria. Pessoas para as quais só existe um ponto de vista, o seu próprio, e quem não concorda tem de ser silenciado, até com o uso da força.
Não estou afirmando que Gilberto Gil, Caetano Veloso ou Chico Buarque ajam dessa forma, nem o próprio Luiz Carlos Prates. Mas não é difícil ver tais atitudes em muitos revestidos de autoridade atualmente. Sem a perspectiva da eternidade, do "afterlife", ou o pós-vida, é como disse Doistoiévski, "Se Deus não existe, não existe nada após a morte e, se nada existe depois da morte, tudo é permitido nesta vida".
Porém, mesmo sem agir dessa forma, como estará a cabeça de Gilberto, Caetano e Chico? Talvez nem seja agora, mas como será quando tiverem de encarar o fim da vida terrena? Que tipo de experiência terão? Que esperança podem ter de reencontrar entes queridos ou de ainda existirem após saírem deste mundo, se, para eles, Deus não existe?
Anthony Hopkins, o famoso Dr. Hannibal Lecter, de "O Silêncio dos Inocentes", certa vez afirmou: "Viver sem crer em Deus é como estar toda a vida preso em uma masmorra sem janelas".
De fato, diante da inexorável realidade da morte, que sentido teria a existência sem Deus? É uma existência sem esperança, sem perspectiva e as tristezas da vida nada mais são do que sofrimentos sem nenhum propósito.
Por isso, comparando a nossa situação como cristãos, com a dos defensores do progressismo, o contraste é mais do que evidente: a ódio do mundo, do diabo e as consequências do pecado pesam sobre nós hoje, causando um sofrimento que eles, embora não desconheçam o que é sofrer, não temem. Estão garantidos em seu mundinho.
Porém, o que é de fato pior? A ira do mundo ou a de Deus? Certamente sabemos a resposta. E, como a Bíblia nos diz, a ira de Deus é sobre os ímpios, enquanto os cristãos, pelos méritos de Jesus, estará livre dela. Não livre da ira do mundo, mas o mundo passa, bem como a sua concupiscência(1 João 2.17). uma vez terminada a nossa existência neste mundo, ele não pode mais nos tocar, nem o diabo, ou o pecado. Cristo nos dá o direito de viver eternamente na presença de Deus Pai, livres de toda dor e tristeza, em uma glória inimaginável para nossas mentes ainda limitadas, idêntica à sua própria(João 17.22).
Assim, quem não tem tal esperança só pode mesmo, ainda em vida, negar sua finitude o mais que puder, esquecer que é mortal, como diz Prates(e ele nem é ateu, mas descreveu muito bem o que se passa na cabeça de quem foge da realidade da morte).
Tudo apenas para descobrir o quanto estava enganado ao deparar-se com a própria finitude que tanto negou quanto para, depois da morte, saber que o Deus que nunca amou irá julgá-lo e seu destino eterno será bem pior do que a não-existência.
Assim, que as palavras de Nosso Senhor e Salvador sejam o que nos motivam a não seguir o caminho largo que maioria segue: "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" - João 16.33.
O noso caminho é doloroso e difícil, mas terá um fim glorioso e eterno.
Nos Laços do Calvário,
Eduardo Pydd